segunda-feira, 20 de junho de 2016

Começar a semana com afeto.

Muito do gestar gira em torno da minha maternidade, meu corpo, minhas mudanças revolucionárias mas percebo cada dia mais a necessidade de trabalharmos também as noções de paternidade. Eu e meu companheiro construímos diariamente, como quem põe tijolinho por tijolinho, essa ideia e preparação para a paternidade. Confesso que tudo tendencia a ser mais intenso mesmo quando nossa pequena chegar, é diferente comigo que sinto por dentro a conexão, hoje mesmo ela me acordou as 6 da manhã.
Um processo natural de tudo isso é a recordação da nossa relação com nossos pais. Tentar ligar alguns pontos daquela criação à pessoa que somos hoje. Para mim, que fiquei órfã de mãe aos 8, tem sido um mergulho intenso nas memórias mais longínquas e ternas da minha primeira infância. Estou buscando como quem mergulha nas profundezas do oceano, pérolas, corais, peixes coloridos.
Para ele talvez seja algo mais palpável, essa relação ainda existe, é alimentada e hoje construída com muito cuidado e afeto. Mas a busca é tão íntima que ainda não falamos disso.
Toda essa viagem me fez lembrar das ilustração de Snezhana Soosh, artista ucraniana que teve seu trabalho circulando bastante em nossas redes, uma série sobre a relação do pai com a filha. Uma série que me leva a pensar no meu pai, e nos retalhos que construíram a nossa relação. Um deles é o ninar, com o grave da voz vibrando em meu rosto colado em seu colo.



Aqui está o intagram da moça: https://www.instagram.com/vskafandre/

domingo, 19 de junho de 2016

Ter cara de mãe de menino!

Uma dúvida paira meu ser, há algum tempo, incômoda, tintila vez ou outra.
Mesmo antes de engravidar, escutei de algumas pessoas que eu tinha "cara de mãe de meninO". Depois que anunciei o bucho, não foram poucas as pessoas que me disseram isso, amigos, familiares, por vezes perguntava Por que? e recebia um: ah, seu jeito.
Mas o que levaria as pessoas a deduzirem isso, euzinha ter cara de mãe de menino?
Sei que quando a barriga aponta, muita gente tenta adivinhar o sexo a partir do formato, mas eu estava longe de ter uma barriguinha...deduzo que seja realmente o meu jeito.
Fiz uma lista do que ressaltaria em mim para fazerem essa ligação com o masculino...ou com o maternar um menino.
talvez por eu não seguir certos padrões de beleza como fazer as unhas ou andar de salto?
talvez porque sou desbocada, pouco delicada e objetiva demais? (gente, eu sou capricornianaaa)
talvez porque ...porque ....não sei o porque.
Talvez nos prendamos mesmo a estereótipos sexistas que nos levam a essas deduções tão equivocadas, confesso inclusive que de tanto escutar que tenho cara de mãe de menino, cheguei a ter dificuldade em me ver criando uma menina. Que bobagem, isso foi muito rápido, ainda bem. 
Hoje coletando tantas reações da relação entre mundo e mulher grávida, essa é uma delas que são incômodas e nos levam a uma auto reflexão, no mínimo curiosa. Como sou lida? 
*
Eu não tenho cara de NADA além de cara de Grávida (porque afinal já no sexto mês minha cara virou uma bolacha).



Diego Rivera-1904

Precisei dizer que a arte da norueguesa Line Severinsen me contempla. 





Visite: https://www.kosogkaos.no/

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Não romantizarás a gestação nem a maternidade!

Louise Bourgeois. PREGNANT WOMAN. 2008

Eis um mantra...sem romance por favor.
Acontece que desde que anunciei minha gravidez, recebo sinais contantes de que deveria estar feliz o tempo todo, de que haveria uma ternura eterna, de que eu seria uma mãezinha.
Parem. Um sorriso terno, um abraço apertado e o silêncio bastariam...
Estou sendo ríspida? Talvez, mas não me sentia nada feliz intensamente feliz no começo, e isso me deixava muito preocupada.
É claro que a chegada de um bebê, dentro das condições de aceitação materna como foi meu caso, gera muita comemoração, reverbera alegria, é sim um momento de muita felicidade. Mas o turbilhão de sentimentos que feito cachoeira desaguam em mim não conseguem se conectar com essa felicidade espontânea.
É um processo, tem seu ritmo, cada mulher sente isso de maneira diferente. Eu me angustiei muito, sem saber porque e me sentia péssima mãe em não sentir aquela felicidade estonteante. Não exageremos nessa romantização do gestar!

*Não me sinto bonita
*Não gosto das mudanças dolorosas do meu corpo
* Odeio não ter roupas que me caibam
*****

A Saga pelo Sutiã Perfeito


Começo essa grande peregrinação ou ainda essa viagem intensa e transformadora quando meu corpo sinaliza uma mudança revolucionária.
Meus peitos, eles que já eram grandes estavam explodindo, ainda com 15, 16 semanas de gestação.
Sim, as semanas, até hoje, não sei contar bem essas semanas,,,
Sonhei com o sutiã perfeito, acordava para ir ao banheiro de madrugada( umas 5 vezes ) e a força gravitacional me lembrava junto com a dor que vinha em anexo feito um post-it fluorescente na minha cara SUTIÃ MINHA FILHA. 
A saga começou aí...em busca de uma numeração e sustentação decente, anotei todas as dicas da internet e das amigas...primas, irmã (sem aro, compra o de amamentação logo pq vc usar mesmo, alça grossa e etc...). Fui, fui em muitos lugares amigas, fui com a ideia de achar algo que fosse diferente de uma cuia de tomar sopa. Mas...eis a grande decepção da vida de uma gestante peituda, eles quando existem na arara, nos esperam com aquela cara triste, pálida, bem BEGE ou Rosa Bebê. Fui imediatamente pro varal de casa, quando eu tinha meus 6 anos e recebíamos minha tia...eu olhava para aquelas peças gigantescas secando ao sol e não entendia nada. Essa sou eu hoje, a minha tia, vestindo mais de 48 com as tetas se preparando pra chegada da minha bezerrinha.
Se a gente não pode rir da nossa própria história, pode tentar achar modelos menos feios no mundo...
você tem alguma dica? me conta?